QUARTEIRÃO SUSTENTAVEL

QUARTEIRÃO SUSTNTÁVEL


Índice

• Quarteirão Residencial

• Quarteirão Cosmopolita



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QUARTEIRÃO RESIDÊNCIAL



Planificação urbana de um quarteirão residencial sustentável nas vertentes ambiental e social.



A bioclimática do quarteirão

A melhor orientação para o edificado obter ganhos solares passivos é o quadrante sul, desta forma o quarteirão sustentável terá também esta configuração.





Edificado



• Vãos

A percentagem de envidraçado deve situar-se nos 10% em relação á totalidade do piso (OA, 2001)

No entanto perde-se muito da relação entre o interior/exterior, na Torre Verde foram colocados amplos vãos em PVC c/ vidro duplo e estores de lâminas exteriores como forma de evitar o sobreaquecimento (Nunes &Tirone, 2008)



• Fachadas

Fachada em tons claros – para se evitar o encadeamento provocado pelo uso excessivo do branco puro recorre-se à vegetação.

Materiais como madeiras e pedras nas fachadas, contribui para uma linguagem mais cuidada, legível e valorativa para a habitação.

Volumetrias – uso de jogos volumétricos, como varandas salientes ou de reentrância, valorizam esteticamente o conjunto e evidenciam o carácter formal do quarteirão.



• Vegetação

A vegetação – propicia um microclima local mais fresco, combate a poluição e oferece uma barreira acústica.

Folha caduca a sul – no verão ganham folha e promovem sombra e no inverno perdem folha e permitem a insolação.

Folha perene a norte – Cria barreira contra os ventos de quadrante norte durante o Inverno.



• Orientação solar

Zonas sociais e íntimas – Sul

Zonas húmidas e de arrumos - Norte

No inverno o ângulo solar incide sobre os envidraçados – promovem o aquecimento solar passivo da habitação

No verão uma pala ou estores de lâminas exteriores interrompem a insolação nos envidraçados promovendo uma habitação fresca

Entradas – de preferência a sul, no caso de ser norte prever barreiras contra os ventos como vegetação alta.

Espaçamento entre edifícios – o espaçamento obrigatório, pela regra dos 45º, permite que toda a fachada a sul receba insolação.




• Poluição sonora

Colocar as vias de tráfego principais em redor do aglomerado habitacional e dentro deste apenas os acessos para os habitantes.

A vegetação e equipamentos de águas como repuxos e cascatas ocultam os ruídos



• Equipamento bioclimático

Painéis solares e foto voltaicos – coberturas

Climatização pelo subsolo – tubos de captação no interior do quarteirão

Aproveitamento de águas das chuvas – tanques enterrados no interior do quarteirão ou colocados nas coberturas





A questão social no quarteirão



• Multifuncionalidade

Núcleo habitacional com infra-estruturas comerciais e de serviços

Maior presença e circulação humana = mais segurança para a população que aí vive, nomeadamente, para os idosos e crianças



• Diversidade social

Diferentes tipos de famílias, integração de vários extractos sociais, igualdade de direitos e oportunidades, maior coesão social, mais segurança.



• Direito aos espaços verdes

A integração de espaços verdes torna a vivência urbana muito mais humanizada, este contacto é importante para as crianças e respectiva formação cívica e ambiental, assim como para os adultos e para o seu equilíbrio emocional.



• Serviços e equipamentos socialmente necessários

ATL e apoios a idosos como Centros de dia e Assistência ao domicilio – Integração de todas as faixas etárias, os idosos e crianças deverão ter assegurado bens e serviços na sua área de residência.

O quarteirão deverá estar dotado com um equipamento de apoio à terceira idade, de ocupação de tempos livres e com alguma assistência ao domicílio para os mais dependentes, a par pode-se desenvolver um projecto de âmbito inter-geracional em que no mesmo equipamento exista uma creche, o convívio entre gerações, como sempre houve antes da massificação urbana, é bastante salutar para os participantes. Um quarteirão compacto representa uma utilização mais eficiente e plenamente utilizada dos seus equipamentos, o que significa custos repartidos por mais utilizadores e maior sustentabilidade económica do mesmo.



• Diversificação familiar

Integração dos diferentes tipos de famílias – famílias nucleares, agregados unipessoais, famílias monoparentais, estas 2 últimas em franco crescimento = diferentes tipologias habitacionais.

Possibilita que várias gerações coabitem e de as mais frágeis, nomeadamente os idosos, se sentirem apoiados e em segurança.



• Direito á saúde

Centros de saúde e hospitais na área de influência, correcta escolha de materiais, forma e orientação das habitações / quarteirão promovem uma vida saudável.



• Direito á privacidade

Habitações que permitam um amplo campo de visão para o exterior mas que possibilitem a privacidade interior quando desejado.



• Volumetria

Permitir o controlo dos espaços públicos a partir do interior, pelo que edifícios altos são pouco aptos a esta vigilância pelos moradores de pisos mais elevados.

A boa vigilância das crianças que brincam na rua ou no interior do quarteirão faz-se até ao 3º andar (Muga, 2006)

Acima deste, poder-se-á estender até ao 4º piso se neste ficarem tipologias de apartamentos pequenos, tipo T1, o que pressupõe não serem para constituição de família.

Um edifício mais baixo também oferece uma sensação mais familiar e intimista ao núcleo habitacional.



• Distribuição funcional edificado

Piso 0 – comércio e serviços, com um pé direito de 4m.

Pisos superiores – Habitação

Numa área residencial pode ser exagerado que todos os pisos 0 sejam para comércio e serviços de apoio, neste caso é possível colocar habitações no piso 0 desde que tenham um espaço ajardinado a toda a volta de maneira a oferecer privacidade e nunca colocar passeios pedonais à face das janelas.





• Comércio

O pequeno comércio de rua oferece um suporte de apoio importante ao quarteirão, conferindo-lhe alguma autonomia e sustentabilidade não sendo necessária a deslocação alargada para o consumo de pequenos bens e serviços, sendo esta particularidade importante para uma camada da população mais debilitada como os idosos.


Projecto urbano para quarteirão residencial, orientações predominantemente a sul, interiores de quarteirões aproveitados para espaços verdes mais privados, coberturas com dispositivos de ganhos solares, equipamentos sociais que possam aproveitar o interior dos quarteirões.



Quarteirão residencial


Ficha técnica social

• Piso 0 – Comérico

• 3 pisos – Habitação; a correcta vigilância de crianças faz-se até ao piso 3

• Edifício tipo de 4 pisos com 24m de frente e 10m de profundidade

Estatísticas de famílias tipo em Portugal;

• Famílias nucleares = 65% / famílias unipassoais = 17% / famílias monoparentais = 12%

• Número médio de pessoas por agregado = 2,7

Tipologias;

• 5 apartamentos T2 e T3 = 70%

• 2 apartamentos T1 = 30%

• Número habitantes por edifício; 5 T2 / T3 = 14 pessoas / 2 T1 = 4 pessoas = 18 pessoas

• Carácter familiar no prédio = 7 famílias

• Quarteirão com 10 edifícios; 126m x 46m, cerca de 5.800 m2 de lote para 2.400m2 de área construída de implantação. Para 70 famílias e 180 pessoas

• Equipamento de apoio social para a 3ª idade e Jardim de infância no topo do quarteirão, com acesso ao interior do mesmo para usufruto directo do espaço verde aí existente e de carácter semi-privado. Este equipamento poderá servir o quarteirão adjacente maximizando as suas potencialidades.



Ficha técnica ambiental

• Correcto espaçamento de forma a permitir um angulo mínio de 45º para a insolação no piso 0

• Habitação com orientação a sul, zonas sociais e privadas a sul e zonas húmidas a norte

• Colector de águas da chuva para utilização em regas/garagens e descargas das instalações sanitárias

• Ganhos solares; paineis solares e fotovoltaicos

• Dispositivos de sombreamento nos vãos

• Arvores de folha caduca a sul de forma a permitir insolação no Inverno e sombra no Verão

• Arvores de folha perene a norte como barreira aos ventos deste quadrante no Inverno



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QUARTEIRÃO COSMOPOLITA

Planificação urbana de um quarteirão cosmopolita, sendo este o centro económico de uma área urbana



A bioclimática do quarteirão



• As mesmas regas bioclimáticas no universo residêncial e laboral

Podemos afirmar que o que é aconselhado para a sustentabilidade bioclimática do quarteirão residencial serve para o quarteirão cosmopolita, a protecção da natureza e a maximização dos ganhos solares passivos, para responder aos elevados níveis de conforto actuais, não escolhe destinatários.



• Iluminação natural

O conforto térmico é igualmente importante nos locais de trabalho sendo do senso comum a importância da iluminação destes, o período alargado de horas de actividade e a intensidade necessária exigem elevados níveis de iluminação, o que se pode traduzir em custos económicos e ambientais excessivos.

A orientação sul fornece os ganhos solares passivos e uma boa iluminação natural, a orientação norte fornece uma excelente iluminação que se deve ao facto de oferecer critérios uniformes e constantes de luz, no entanto as precauções térmicas contra o frio são acrescidas para este tipo de vãos.



• Vegetação e água como barreiras ao ruído e à poluição

O quarteirão cosmopolita deve ficar servido de boas infra-estruturas de comunicação e uma boa rede de transportes públicos, no entanto o ruído do tráfego deve ser minimizado com a ajuda de dispositivos aquáticos como lagos, fontes e quedas de águas, a vegetação oferece uma barreira acústica como dissipa as emissões de CO2 emitidos pelos veículos automóveis.

A integração de espaços verdes convida à circulação e permanência num quarteirão que se quer vivido e dinâmico, esta alternativa também ajuda a dissipar fenómenos de encadeamento das fachadas claras e das praças públicas, que emitem encadeamento quando maioritariamente revestida a pedra clara.





A questão social do quarteirão



• Oferta e Atractividade

Quarteirão cosmopolita deve despertar interesse na sua visita, exploração, permanência e consumo, deverá oferecer comércio e espectáculos de rua, esplanadas e uma oferta diversificada de bens e serviços.



• Cidade compacta

A concentração de um variado eque de bens e serviços permite que no mesmo local o utilizador possa satisfazer a sua procura, poupando tempo e corresponde a menos necessidade de deslocação e de consumo energético



• Longo alcance visual

O centro económico das cidades é de maior escala, constituído por longa avenidas e praças, estas deverão estar visiveis mesmo a longas distâncias, o interior dos quarteirões são excelentes para a criação destas praças, são locais de permanência e consumo protegidos das principais vias de tráfego, no entanto deverão ser bem visiveis, para isso recorrendo-se à abertura de grandes pórticos na base dos edificios para que se possa visualizar estas praças interiores aquando na circulação pelas avenidas

O uso de actividades culturais outdoor, como espectáculos de rua ou pequenas feiras temáticas revela-se uma ferramenta útil para fixar o visitante no interior destas praças fomentando as actividades económicas aí desenvolvidas.

O atravessamento destas praças leva a que os quarteirões mais interiores, em relação à avenida principal, sejam igualmente explorados tornando-os económicamente viáveis.



• 24 Horas

Estas acções promovem uma vivência o quarteirão por um período alargado do dia e da noite pelo que oferece mais segurança não ficando o mesmo deserto e possibilitando uma escala de actividades bastante dinâmico, comércio e serviços de dia e restauração e cultura à noite.



• Volumetria

A volumetria é bastante diferente da preconizada para o quarteirão residencial, no quarteirão cosmopolita pode-se aumentar o número de pisos desde que o espaçamento entre os edifícios seja maior para permitir a correcta insolação, o que até vem ao encontro do desejável para o interior deste tipo de malha urbana que deverão ser maiores de forma a permitir o desenvolvimento de actividades económicas e de lazer e ser convidativo à circulação e permanência de um público alargado.

Projecto para quarteirões de centros urbanos de carácter cosmopolita, a morfologia convida à exploração dos interiores dos quarteirões, estes mais largos devido à altura dos edifícios para comércio e serviços, permite tamanhos maiores para a criação de praças vivenciadas, orientação a sul, insolação e ganhos solares garantidos.



Quarteirão cosmopolita ou centro da cidade


Ficha técnica social

• Piso 0 – Comérico

• 5 Pisos – Serviços, lazer, saúde.

• Quarteirão formado por edifícios com cerca de 6 ou mais pisos, com comunicação para as avenidas e comunicação visual entre os interiores dso vários quarteirões, uma forma de incentivar a exploração dos seus interiores. Para um aumento do número de pisos há que prever a devida distancia entre os edifícios proporcionando interiores de quarteirão e avenidas mais largas.



Ficha técnica ambiental

• Correcto espaçamento de forma a permitir um angulo mínimo de 45º para a insolação no piso 0.

• Escritórios com orientação a sul e a norte, embora neste último seja aconselhado a colocação de circulações

• Colector de águas da chuva para utilização em regas, garagens e descargas de instalações sanitárias

• Ganhos solares; paineis solares e fotovoltaicos

• Dispositivos de sombreamento nos vãos

• Arvores de folha caduca a sul de forma a permitir insolação no Inverno e sombra no Verão

• Arvores de folha perene a norte como barreira aos ventos deste quadrante no Inverno

• Avenidas com fileiras de arvores para diminuição da poluição sonora e ambiental