PSICOLOGIA NA ARQUITECTURA
Índice
• Integração SocioEspacial
• As relações sociais no espaço arquitectónico
• A percepção do espaço
• Variáveis para o Desenho Urbano; Sociedade, Lote e Edifício
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INTEGRAÇÃO SOCIOESPACIAL
O contributo do novo edifício – Integração e empatia
LEGIBILIDADE – Um único edifício pode tornar uma área legível no caso de apresentar características arquitectónicas emblemáticas
REFERÊNCIA – Funciona como ponto de referência na malha urbana, contribuindo para a legibilidade da cidade
PSICOLOGIA – Habitar uma zona com identidade proporciona bem-estar físico e psicológico (Muga, 2006)
As Torres de S. Gabriel e S. Rafael pela altura que atingem, cerca de 110 metros, e pelo forte carácter formal são um marco significativo numa parte da cidade já de sí emblemática, como é o Parque das Nações.
As personalidades da Arquitectura – Edifício fechado e os seus vãos-figura
Sequência de vãos inseridos em volumes desprovidos de qualidade formal – os vãos assumem o carácter de figura – o edifício passa para 2º plano não sendo perceptível ao longe.
O edifício assume uma posição fechada à sua envolvente
Conjunto de edifícios sem qualidade formal, sequência de vãos que assumem o papel de figura - Cidade de Natal, Brasil
As personalidades da Arquitectura – Edifício figura ou edifício aberto
EDIFÍCIOS ABERTOS E FLUIDOS
• Vãos como simples panos envidraçados – ajudam a dar ênfase ao material opaco da construção
• O edifício torna-se na figura central
• Varandas e vãos também assumem um papel activo mas a uma escala menor
EDIFÍCIO CONJUGADO ENTRE EXTERIOR E INTERIOR
• Flexibilidade, tridimensionalidade, forma oca, abrigo. (Muga, 2006)
Exemplo de um edifício figura, em que o próprio nome deste projecto traduz a forma do mesmo – Casa Moby Dick na Finlândia.
Fonte; revista Arquitectura & Construção (2006b)
A fronteira do edifício; Entrada, exterior / interior
ENTRADA
• Acolher e abrigar o visitante / hospitalidade
• Carácter de transição entre o exterior e o interior
EXTERIOR INTIMISTA
• Pátio para convidar à permanência
• Acabamentos e mobiliário urbano de características mais domésticas
• Madeiras, cor e textura
INTERIOR ABERTO
• Recriar o exterior
• Jardins de Inverno ou varandas que entram pela divisão
• Natureza para dentro
PROJECTO EM PLANTA
• Panos verticais de forma convexa = carácter exterior
• Panos verticais de forma concava = carácter interior
Edifício da autoria de Leopoldo Criner no Parque das Nações
O jardim exterior com carácter intimista, varandas exteriores que entram pelos apartamentos.
Fonte; Portal das Nações, (2007c)
O movimento no imóvel; transições e vistas
Edifício como objecto estático e imóvel pode possuir características que lhe atribuam movimento.
CORREDOR = DINAMISMO
• Deslocação = ritmo
• Evitar circulação monótona = inactividade
• Alargamento e estreitamento do corredor
• Aberturas e objectos funcionais = decoração, dinamismo na circulação
• Topo do corredor com uma cor forte ou uma característica formal de interesse = meta a atingir.
• Pequeno lanço de escada, rampa ou porta
Moradia em Cascais da autoria do Arq. Souto Moura
Corredor dinâmico, de simétrico na constituição de materiais apresenta um ponto de luz e escultura no topo que lhe confere dinamismo.
BIBLIOTECA / QUARTOS = AMBIENTE CALMO
SALAS = AMBIENTE DINÂMICO
TAMANHO E FORMA DOS VÃOS
• Vão pequeno, com paisagem de fundo = quadro
• Vão grande = pano de fundo para a divisão
• Vão alto e estreito a ocultar grande parte da paisagem = mistério
• Abertura saliente projecta a divisão para o exterior
• Abertura de reentrância traz o exterior para o interior.
• Vão de canto transmite um cunho diagonal à divisão
• Sequência de vãos transmite ritmo e movimento
Fluviário de Mora
Sequência de vãos exteriores conferem ritmo a este longo corredor público
Fonte; Arquitectura mais, (2007b)
Relação do edifício com a Malha urbana
O Edifício deve ter um carácter proporcional à sua escala
A Rua, como maior a nível de escala, assume o papel principal de figura
Parque das Nações
A Torre Vasco da Gama e a fileira de palmeiras dão o sentido da rua, esta detem o carácter de figura podendo albergar edifícios arquitectónicamente relevantes.
• Rua deve indicar claramente o seu sentido
• Extremidades devem ter elementos fortes
• Rotundas devem ter arranjos exteriores ao nível de pavimentos, arborização, iluminação, mobiliário urbano
Edifícios num cruzamento são campos de forças que se projectam no seu alinhamento
• Cruzamento deve funcionar como um contraponto
• Altura dos edifícios correcta em relação à largura praça – proporção de 1:4 (Barcelona - esquinas em cruzamentos com ângulos de 45º)
• Carácter de figura bem definido, clareza do contorno, centro bem legível
• A praça convexa recebe as forças - fachadas côncavas, estas recuarão sobre a força gerada pela praça = equilíbrio e redistribuição de energias acumuladas.
Cruzamento na Avenida Bramcamp, em Lisboa, onde o edifício apresenta um angul de 45º, uma forma de suavizar o sentido de longas avenidas.
A rotunda não funciona apenas como ponto de intersecção ou mudança de sentido
Funciona também como contra-ponto de longas avenidas, sem o qual, estas dariam ao utilizador a sensação de percorrerem longas distâncias ou de estarem num túnel onde a energia se deslocava em velocidade demasiado ala, sensações psicológicas desagradáveis para o citadino
Fonte; Google Earth
http://www.fmcapital.com.br/95/Noticias/4457.html
http://www.segredosdedemeter.blogger.com.br/2008_09_01_archive.html
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AS RELAÇÕES SOCIAIS NO ESAÇO ARQUITECTÓNICO
Escala do espaço pessoal
O espaço pessoal é intrínseco ao ser humano = inviolável, apenas acessível aos mais próximos (Muga, 2006)
As distâncias e utilizações na comunicação interpessoal
O antropólogo Edward Hall classificou o estudo científico do espaço interpessoal de proxémia
• Intima para o contacto físico de 0 - 45cm
• Pessoal para o contacto entre os 45cm - 1,20m – amigos
• Social para o contacto entre os 1,2m – 3,5m – profissionais
• Pública para os contactos acima dos 3,5m e que se aplica aos contactos formais (Proxémia, 2009)
• Idosos necessitam de relações mais próximas
• Os homens necessitam de mais espaço que as mulheres
• À medida que formos subindo na escala social a distância espacial aumenta
Entre o casal uma distância intima, o idoso ao fundo também tem uma distância pessoal curta, a personagem de destaque, de elevada posição sócio-económica apresenta o maior espaço pessoal.
A influência da Arquitectura no espaço pessoal
O espaço pessoal é uma variável necessária para a sustentabilidade social do espaço, é invisível e imóvel
Espaços que necessitam de maior área disponível;
• Espaços fechados, interiores
• Espaços com tectos baixos
• Espaços de permanência sentados e/ ou próximo de entradas e saídas
• Espaços sem divisórias plurifuncionais
• Espaços de configuração quadrada
• Espaços que atinjam temperaturas elevadas (Muga, 2006)
Classificação dos espaços - Dr. Humpfrey Osmond, psiquiatra
• Espaço sociófugo não promove as comunicações interpessoais = Biblioteca
• Espaço sociópeto se promove as comunicações interpessoais = Salas convívio lar (Osmond, s.d.)
Um espaço público deve oferecer dimensões maiores, melhor iluminação, se possivel natural.
Territorialidade
Territorialidade de um lugar dota-o de identidade, é uma realidade visível e fixa
• Indivíduo ou grupo reclama um território como pertença
• Dá-lhe identidade e defende-o de agressões externas
• Um vazio urbano degenera em actos pouco civilizados de posse como os gangs
• Promove a organização social
Vazios entre edifícios ou bairros devem ser planificados
• Espaços ajardinados com estereotomias de pavimentos
• Delimitações como sebes e pequenos muros em materiais idênticos ao parque construído
• Assume-se uma terra de ninguém como pertença do grupo que aí habita
• Visível em diversas frentes = evitar as fachadas cegas
• Segurança desejada para a frequência e vivência de todos (Muga, 2006)
A faixa de território entre edificados deve ser urbanizado e ajardinado para espaço público, desta forma o sentido de territorialidade é dado aos residentes, passando estes a defender esse espaço de apropriações e actos delinquentes.
Fonte; revista Arquitectura & Construção, (2007)
Privacidade
• Faz o indivíduo tomar consciência da identidade pessoal,
• Conhece os limites pessoais e da fronteira que o separa do exterior
• Permite a escolha do que pode ser do conhecimento público ou não
Falta de privacidade é característica de locais sobrelotados
• Residentes ficam alheados do direito à privacidade
• Perdem a sua identidade pessoal e fá-los sentirem-se marginalizados
• Esta situação que faz despoletar actos de subversão e confronto
Garantia de uma privacidade satisfatória = possibilidade em encetar um contacto = ao mesmo tempo pode accionar a sua privacidade a qualquer momento
No sul da Europa a necessidade de privacidade é maior que no norte, influências culturais e religiosas mais fortes que deixaram as suas marcas (Muga, 2006)
Habitação onde a privacidade e exposição é facilmente gerida pelo residente
Bairro social em Sintra, um modelo que ja deu provas de promover a exclusão social, excesso de população, pouca ou nenhuma privacidade na coabitação.
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A PERCEPÇÃO DO ESPAÇO
Mapas cognitivos
A legibilidade de uma cidade é;
• A facilidade com que identificamos o seu meio ambiente,
• A facilidade com que reconhecemos o espaço
• A forma simples com que organizamos a informação cognitiva
A facilidade com que nos movimentamos numa malha urbana é resultado de uma planificação simples mas com pontos marcantes durante o trajecto.
Elementos dos mapas cognitivos
• Trajectos
• Orlas
• Zonas
• Nós
• Pontos de referência
Uma zona da cidade é claramente identificada ao longe quando reconhecemos algo dominante como ponto de referência.
Qualidade para um urbanismo legível
• Singularidade – contraste c/ fundo
• Simplicidade – fácil leitura
• Continuidade – sem vazios urbanos
• Dominância – elemento dominador na área
• Clareza de articulação – clareza trajectos
• Diferenciação direccional – clareza mudança direcção
• Alcance visual – valorização imagem simbólica e visual
• Conhecimento do movimento – clareza no sentido
• Séries temporais – cronologia urbana sequencial
• Nomes - associações
Lynch (2003/1960).
A qualidade do urbanismo reflecte-se pela clareza de trajectos, de sentidos, de mudança de direcções, pelo alcance visual e pela legibilidade local.
Stress Urbano
• Aglomerado excessivo de população
• Barreiras arquitectónicas
Stress como causa de;
Problemas de saúde
• Coração
• Pressão arterial
• Imunológico
• Respiratórios
Problemas sociais
• Delinquência
• Agressividade
• Afastamento social
• Isolamento
(Muga, 2006)
Cidade compacta
• Espaços públicos acessíveis a todos (actividades lúdicas, serviços e cultura)
• Espaços públicos delimitados mas próximos das áreas residenciais
• Conectividade entre os vários elementos urbanos
• Elementos de conflito no subsolo (cargas/descargas, parqueamentos, grandes vias tráfego)
• Possibilita uma excelente rede transportes públicos
• Incentiva a circulação pedonal
(Câmara Municipal de Bragança, 2005)
Embora as zonas residênciais permaneçam separadas das zonas mais cosmopolitas do comércio e lazer, estas são facilmente acedidas por trajectos pedestres devido à curta distância entre elas, tambem esta presente uma boa rede de transportes públicos.
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VARIÁVEIS PARA O DESENHO URBANO; SOCIEDADE, LOTE E EDIFÍCIO
Análise social
De acordo com os Censos de 2001 (médias nacionais);
• Famílias nucleares (casais com filhos) – 65%
revelando ser este o parâmetro maioritário do cenário familiar português, no entanto outras realidades tem manifestado tendência a crescer
• Famílias unipessoais – 17,3%
• Famílias monoparentais – 11,5%.
Envelhecimento da população
• Jovens abaixo dos 14 anos – 16%
• População acima dos 65 anos – 16,3%
Quadro – População nacional em 2001
Fonte; Instituto Nacional de Estatística [INE], (2007)
Fonte; Instituto Nacional de Estatística [INE], (2007)
• Famílias nucleares têem vindo a decrescer o número de indivíduos por agregado – 2,8 indivíduos por família (casais com apenas um filho)
• O número de divisões por habitação clássica – 4,6 divisões por alojamento (predominância da tipologia T2)
Fonte; INE, (2007)
De acordo com o panorama social e da sustentabilidade deve-se projectar para uma utilização de 100 anos ou mais, o parque habitacional deve ser flexivel para fácil adaptação no decorrer da sua vida útil.
• Pequenos apartamentos – Jovens, idosos, famílias unipessoais
• Apartamentos médios / flexiveis – Familias nucleares com possibilidade de integrar o seu idoso
(Nunes & Tirone, 2008)
A sociedade, o lote e o edifício como variáveis da planificação urbana.
• Sociedade; Dimensionamento médio das famílias portuguesas, aumento das famílias monoparentais, condições favoráveis para a população idosa permanecer nas suas residências
• Lote; O dimensionamento do lote deverá reflectir valores adequados ao edifício e aos seus utilizadores, a escala dos espaços públicos, a territorialidade e privacidade proporcionadas.
• Edifício; O carácter formal e funcional dos espaços, de acordo com a tipologia da família portuguesa, e a flexibilidade desses espaços para transformações ao longo do tempo
Uma zona residêncial sem barreiras arquitectónicas, apetrechada de áreas verdes, de lazer e de espaços comerciais e de serviço proporcina sustentabilidade social aos seus habitantes.
(Muga, 2006)
http://www.segredosdedemeter.blogger.com.br/2008_09_01_archive.html